
Perspectivas e Tendências 2025

Escrito por Rogério Nottoli
Ofuturo é moldado pelos fragmentos do presente – ajustes finos que, embora quase imperceptíveis no dia a dia, pavimentam mudanças significativas. O setor automotivo brasileiro, ao entrar em 2025, carregará um otimismo fundamentado. Os números deste ano oferecem um panorama do que está por vir: um mercado que se recupera, mas que ainda caminha entre a promessa e a realidade.
A Anfavea, liderada por Márcio de Lima Leite, projeta a estabilidade da trajetória de progresso observada neste segundo semestre. “O ano de 2025 será de continuidade no crescimento”, avalia o Presidente da associação das montadoras. Embora as projeções exatas sejam esperadas apenas no fim do ano, o sentimento no setor é de avanço, sustentado pela recuperação econômica e pela chegada de novos modelos e tecnologias.
Essa visão é reforçada por José Maurício Andreta Jr., Presidente da Fenabrave, que destaca os desafios estruturais para um crescimento sustentável. “O segmento de automóveis e comerciais leves depende do avanço econômico, do crédito, do emprego, da renda e da confiança de investidores e consumidores”, analisa.
Segundo Andreta Jr., a Fenabrave tem trabalhado em iniciativas concretas para enfrentar esses desafios, incluindo o diagnóstico realizado em parceria com 27 entes, sendo nove ministérios. “Conseguimos extrair, de todos os envolvidos, o diagnóstico que nos apontou os gargalos e entraves a superar”, explica. Ele ressalta a importância de medidas como inspeção veicular em concessionárias e investimentos em reciclagem para alcançar uma renovação permanente da frota nacional.
A indústria automotiva nacional realiza o maior ciclo de investimentos da história, um total de R$ 130 bilhões destinados à modernização e ao desenvolvimento de novos projetos. Esses esforços buscam alinhar o setor às demandas de um mercado global em profunda transformação. No entanto, como Andreta Jr. destaca, “sem políticas permanentes para renovar a frota nacional e reduzir a idade média dos veículos, não teremos o crescimento sustentável que precisamos”.



A produção local, embora em trajetória de recuperação, enfrenta dois desafios principais: a fragilidade das exportações e o aumento das importações. Argentina e Chile, mercados historicamente relevantes para o Brasil, continuam enfrentando instabilidades políticas e econômicas que impactam a demanda por veículos brasileiros. Paralelamente, a concorrência de produtos asiáticos, mais acessíveis e tecnologicamente avançados, complica o cenário.
Há também um excesso de importações, especialmente de modelos híbridos e elétricos, que capturam parte do crescimento do mercado interno. A resposta, segundo Márcio de Lima Leite, é uma combinação de medidas pragmáticas, como a recomposição dos 35% do Imposto de Importação para veículos eletrificados e a remoção de entraves logísticos e tributários que limitam a competitividade nacional.
Biocombustíveis e Eletrificação
A transformação energética no Brasil segue um roteiro único, alinhado às suas características. Com uma matriz limpa e sucesso nos biocombustíveis, a Anfavea aposta em um equilíbrio estratégico, priorizando etanol e biodiesel para descarbonização imediata, enquanto o País desenvolve gradualmente a infraestrutura para eletrificação.
“O barateamento dos produtos eletrificados é um processo natural, que passa pela redução do custo das baterias, de ganhos de escala etc.”, explica Márcio de Lima Leite. “Felizmente, o Brasil tem a solução dos biocombustíveis para cumprir as metas de descarbonização, sem a pressa na eletrificação que outros países precisam ter.”
Uma nova Marcha para o Mercado
O que faz 2025 tão especial é sua dualidade. Vai além de ser o próximo capítulo de um setor em transformação; é a verdadeira oportunidade de reescrever as regras do jogo. Com consumidores mais conscientes, políticas públicas que começam a ganhar tração e montadoras investindo em inovação, o Brasil está em movimento.
O futuro, como Márcio de Lima Leite sugere, não é algo que se espera. É algo que se constrói — peça por peça, ajuste por ajuste, marcha por marcha. E, como José Maurício Andreta Jr. bem destaca, “quando a roda gira, todos ganham. Pertencemos a um setor que, de fato, move o nosso País”.
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